Qualificação do doutorado

A qualificação do doutorado me fez questionar: afinal, quem é que qualifica, hoje em dia? O aluno, o orientador ou o curso? É melhor que se escolha por um dos três, no máximo dois, mas a confuência é impossível.

No corredor das faculdades o laboratório de lá continua brigando com o laboratório de cá? Vamos apresentar o conceito de WEB 2.0 para eles? Porque bem passou da hora. E como! O departamento de cá brigando com o departamento de lá! WEB 2.0 neles!

As pérolas da faculdade em que faço doutoramento escapam pelas portas e escadas. De repente, o pacto: no nosso grupo de estudos só entra quem a gente quiser e pronto. AMÉM! Quem é que se arrisca ao pacote WEB 2.0 para chacoalhar a universidade?

A pérola da qualificação foi a morte do sujeito decretada por uma das pessoas da banca. Ela começou assim:

- seu trabalho incomodou muito. pesquisei seu lattes e vi que você é professora, então eu pensei que você não poderia acreditar nisso que diz, o professor sabe sim, mais que o aluno, tem mais conhecimento e isso não tem como mudar.

Não? Eis então a morte de um sujeito em que uma pudorosa doutora esquece, talvez porque ela própria tenha sido escamoteada enquanto sujeito, em seus desejos e saberes, e vem repetindo o sistema durante muito tempo. É, deve ser isso.

EU NÃO CONCORDO, caríssima professora doutora fulana de tal. Se eu não puder aprender com meus alunos, e eles não puderem me ensinar, eu jamais serei sujeito da pratíca docente. Apenas uma professora de repetir. Aliás, passei pelo seu lattes também, em retribuição à sua visita no meu. Fica a pergunta: a senhora já deu aulas fora da universidade? Por que assim, olha, analisando bem, aquele único ano na escola pública que lá está registrado, muuitos e muitos anos atrás, deve ter assustado, não? Já que você ficou por tantos anos distante da docencia, só voltando na universidade. A-ham. Ai que delícia ler Rubem Alves para dar mais razão a mim e menos a senhora. Acho que a única fala boa de vossa senhoria foi o colocar sua posição de banca à disposição, pois então saiba, EU ACEITEI!

Ah é, eu aceitei, mas meu orientador não. Arbitrariamente manteve a banca com o intuito, segundo ele, de me proteger. MAS quem foi que disse que eu quero ser protegida? E aquele debate linha por linha? Afinal, pra quê serve uma qualificação senão para irritar o orientando? Cadê a porra do debate dissecante parágrafo a parágrafo?

Meu orientador, este que manteve a banca sem estar em comum acordo com o orientando (no caso sou eu), levou um susto com o email que escrevi a posteriori. ESTOU FORA, querido orientador, pois estou morta enquanto sujeito. AMÉM!

Irritado ele me chamou de egoísta, vamos às suposições.

1. o problema dele e da academia toda chama qualis. E, por motivos de ideologia absolutamente pessoais, não publiquei nada com magnânimo doutor e algumas coisas sem ele, bem mais divertidas.

2. acredito que ele, magnânimo doutor, não tenha lido todo o texto de qualificação. Me prove se for o contrário.

3. Obviamente ele, magnânimo doutor, nunca teve interesse pela minha dissertação de mestrado, porque ela une psicanalise e esporte e bah, onde já se viu? A banca toda não leu. Preciso urgentemente copiar uns trechos completos de um trabalho pro outro. Vai que daí surge um esforço mínimo de tentar entender coisas para além do be-a-bá comum da pedagogia do esporte.

Agora vamos aos fatos e tire suas próprias conclusões:

1. Negociamos a banca, muitos meses antes. Todas as minhas sugestões foram ignoradas. Ouvi não, e não, e não. Autoridade magnânima do doutor magnânimo. Quem é egoísta e pensa só em si próprio?

2. Então eu consegui colocar uma professora que tinha tudo a ver com meu trabalho na suplência. Um dos professores desistiu e então apareceu, sei lá de onde, essa mulher acima que não estava na quadrilha. Drummond, me salve, por favor. Lá se foi de escantei a minha única sugestão aceita. Quem é o egoísta e pensa só em si próprio?

3. Daí, como o incosnciente deixa suas brexas, caiu em minhas mãos o documento oficial da escolha inicial da banca e, pala minha surpresa, notem, a professora que eu indiquei não estava mais lá. Sumiu, caro magnânimo doutor? Quem é egoísta e pensa em si próprio?

4. Disso o magnânimo ainda não sabe que eu sei, mas ouvi em alto e bom som: Fernanda, o orientador precisa proteger o aluno, por isso mantive a banca. MAS quem é que disse que eu quero ser protegida? Eu quero estar viva, ser sujeito do meu texto de doutorado, quero ser debatida, confrontada, dissecada. Quem é que...? Hein?

5. Em debate na banca sobre a presença da psicanalise no meu tabalho (ame-a ou odeie - e lá todos odeiam), ele diz, quando algum participante questiona: não dá para pôr ninguém da psicanalise na banca, nao é minha área. Aha! Eis o ponto. Quem é que quer se proteger? E ter menos trabalho? E ser menos confrontado? E ter finalmente um título de orientador de doutorado pra subir no plano de carreira? Quem é que? Hein?

Sem mais comentários, e olha que eu tenho um monte deles. Mas me lembrei de quando iniciei esse blog, 5 anos atrás, indignada com a banca do processo seletivo do doutorado, pela primeira vez, na mesma universidade. ocasião em que um desses doutores, magnânimos, autoridade máxima, eliminou meu processo do doutorado, eliminou a banca e me eliminou. Ninguem ficou sabendo que eu prestei processo seletivo público para tal. Mas então eu sempre tive as palavras, e sei da força delas. MAIS UMA VEZ EU VOLTO AQUI INDIGNADA COM AS BANCAS, COM OS DOUTORADOS, COM A UNIVERSIDADE PÚBLICA E COM OS PROFESSORES DOUTORES MAGNÂNIMOS.

Está na hora de vocês aprenderem um pouco com os jovens e suas novas concepções de mundo. Talvez o aprender seja mais do que isso, de um professor no lugar de mestre, auge do seu poder. Fico cá pensando com meus botões o quão triste deve ser a vida da mestra que se sentiu ofendida (mas aceitou continuar na banca - vai entender). Afinal, o poder deve lhe dar uma falsa sensação de sei lá o quê.

O conceito colaborativo de WEB 2.0 com urgência na universidade! E menos trabalhadores servis em prol de pessoas mais criativas e pensadoras!